Trump pede investigação sobre alta da carne bovina e mira grandes frigoríficos nos EUA
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Presidente americano solicita ao Departamento de Justiça que apure possível manipulação de preços no setor, após aumento recorde da carne no varejo e queda nos ganhos dos criadores de gado
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou ao Departamento de Justiça (DOJ) a abertura de uma investigação sobre o aumento expressivo dos preços da carne bovina no país. A medida, anunciada na última sexta-feira (7), busca apurar se grandes processadoras de carne estariam manipulando o mercado para ampliar lucros em meio à escalada do custo de vida que pressiona consumidores americanos.
O pedido ocorre após dados oficiais apontarem que o preço médio da carne moída ultrapassou US$ 6,30 por libra, um salto de quase 14% em relação ao ano anterior, enquanto o valor pago aos criadores de gado apresentou queda. Para Trump, essa disparidade “não é coincidência”, e pode indicar formação de cartel ou práticas anticompetitivas entre as empresas do setor.
Setor concentrado e suspeitas de cartelização
A investigação deve mirar os principais frigoríficos norte-americanos, responsáveis por cerca de 80% do processamento de carne bovina do país. O DOJ atuará em conjunto com o Departamento de Agricultura (USDA) para examinar contratos, custos operacionais, exportações e estrutura de propriedade das empresas.
Fontes ligadas ao governo indicam que o foco inicial será em frigoríficos com participação de grupos estrangeiros, especialmente aqueles com histórico de aquisições recentes nos Estados Unidos. A hipótese levantada é de que o poder concentrado em poucas empresas tenha permitido ajustes artificiais de preço que impactam diretamente o bolso do consumidor.
Repercussão política e econômica
A alta da carne tornou-se tema sensível para o governo americano, que tenta conter os efeitos da inflação sobre os alimentos. Ao cobrar uma investigação pública, Trump busca responder às críticas sobre o custo de vida e sinalizar uma postura firme contra grandes conglomerados alimentares.
“Os produtores estão recebendo menos, enquanto as famílias estão pagando mais. Isso precisa ser explicado”, afirmou o presidente em coletiva na Casa Branca.
Economistas, porém, alertam que outros fatores também influenciam os preços — entre eles, seca prolongada em estados produtores, aumento do custo da ração e redução do rebanho nacional, o que limita a oferta.
Impacto global e reflexos no Brasil
A investigação americana pode ter reflexos internacionais. Como os Estados Unidos são grandes consumidores e importadores de carne, qualquer mudança regulatória ou política de importação pode afetar a cadeia global de fornecimento, inclusive o Brasil, que é um dos maiores exportadores do produto para o mercado americano.
Especialistas avaliam que o movimento de Trump tem duplo efeito: além de pressionar frigoríficos domésticos, pode servir como sinal político de proteção à indústria nacional em meio ao cenário de instabilidade econômica.
Fontes: Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) / Departamento de Agricultura (USDA) / Reuters / Politico / Washington Post

