Trump, Bolsonaro e a Juristocracia Brasileira | Entre o conflito institucional e o papel do judiciário na política

Published On: 09/07/2025 17:40

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Análise das relações entre líderes populistas e o sistema judiciário revela tensões sobre o equilíbrio entre poderes e os desafios à democracia

Nos últimos anos, o protagonismo de figuras políticas como Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, trouxe à tona uma discussão importante sobre a relação entre o Executivo e o Judiciário, e sobre o papel crescente do poder judiciário na condução de questões políticas. Essa dinâmica, que muitos chamam de juristocracia, consiste na expansão da influência do Judiciário para além do campo jurídico, impactando diretamente a agenda política e as decisões governamentais.

O que é juristocracia?

A juristocracia ocorre quando os tribunais e juízes ultrapassam suas funções tradicionais de interpretar e aplicar as leis, assumindo uma posição central no debate político e nas decisões que definem rumos do país. No Brasil, esse fenômeno é frequentemente associado ao protagonismo do Supremo Tribunal Federal (STF) em temas sensíveis como combate à corrupção, direitos civis e fiscalização dos atos do Executivo.

Paralelos entre Trump e Bolsonaro

Donald Trump e Jair Bolsonaro compartilham características que influenciam sua relação com o Judiciário. Ambos líderes utilizaram discursos populistas e confrontaram instituições democráticas, incluindo o sistema judicial, quando suas ações ou discursos foram alvo de questionamentos legais.

Nos Estados Unidos, Trump desafiou reiteradamente decisões judiciais que impediam suas políticas e chegou a contestar o resultado das eleições de 2020, provocando uma crise institucional sem precedentes. No Brasil, Bolsonaro adotou postura similar em relação ao STF, contestando decisões e ministros que atuaram contra medidas do governo.

Essas tensões refletem um embate entre a defesa do Estado de Direito e a tentativa de líderes populistas de ampliar seu controle político, muitas vezes em detrimento das normas democráticas.

A atuação do Judiciário no Brasil

No cenário brasileiro, o STF tem sido protagonista em processos que envolvem desde investigações contra políticos até a definição de direitos fundamentais. Decisões sobre prisão em segunda instância, intervenção federal e medidas sanitárias durante a pandemia, por exemplo, evidenciaram o peso do Judiciário na política.

Críticos apontam que a juristocracia pode levar a uma “politização” do Judiciário, ameaçando o equilíbrio entre os poderes e a autonomia do Legislativo e Executivo. Por outro lado, defensores argumentam que essa atuação é fundamental para proteger a democracia e combater abusos de poder.

Impactos para a democracia e sociedade

O embate entre Executivo e Judiciário contribui para a polarização política e influencia a confiança da população nas instituições. Em muitos casos, a atuação judicial é vista como intervenção necessária, mas também como excesso de poder, o que dificulta a construção de consensos.

Além disso, essa dinâmica impacta diretamente no combate à corrupção, na garantia de direitos sociais e no funcionamento do Estado de Direito.

Perspectivas futuras

O desafio para o Brasil está em encontrar um equilíbrio saudável entre os poderes, assegurando que o Judiciário exerça seu papel de fiscalizador sem invadir competências do Executivo e Legislativo. Debates sobre reformas judiciais, limites institucionais e maior transparência ganham espaço.

A comparação com Trump serve como alerta sobre os riscos de conflitos prolongados entre poderes, que podem fragilizar a democracia e aprofundar divisões sociais.

Fonte: Revista Oeste

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