Ex-presidente exige que Caracas aceite detentos em solo americano e avisa que país enfrentará “preço incalculável” em caso de recusa

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a tensionar as relações diplomáticas com a Venezuela ao afirmar que Caracas deve aceitar imediatamente a repatriação de prisioneiros e pessoas que, segundo ele, foram enviados de forma forçada para o território norte-americano. Em pronunciamento publicado em suas redes sociais, Trump advertiu que, caso o governo de Nicolás Maduro não atenda à exigência, o país enfrentará um “preço incalculável”.

Trump alegou que parte dos imigrantes em questão teria vindo de prisões e instituições psiquiátricas venezuelanas, mas não apresentou números nem provas sobre as acusações. Em seu discurso, ele chegou a classificar alguns desses indivíduos como “monstros”, reforçando sua retórica de endurecimento contra a imigração — um dos principais eixos de sua agenda política.

Até o momento, o governo da Venezuela não se manifestou oficialmente sobre as declarações. Especialistas apontam que a fala de Trump pode representar uma estratégia política voltada ao público interno, especialmente no contexto eleitoral, em que o tema da segurança de fronteiras ganha destaque.

Contexto histórico

As relações entre Washington e Caracas têm sido marcadas por atritos desde os anos 2000, intensificados durante os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Os Estados Unidos não reconhecem Maduro como presidente legítimo desde 2019, quando apoiaram o opositor Juan Guaidó. Além disso, a Venezuela sofre sucessivas sanções econômicas impostas por Washington, que restringem desde transações financeiras até o comércio de petróleo, principal fonte de receita do país.

Durante o governo Trump (2017–2021), essas medidas foram ampliadas, incluindo o congelamento de ativos da estatal PDVSA e de dirigentes ligados ao regime chavista. Em contrapartida, Maduro intensificou a aproximação com aliados como Rússia, China e Irã, buscando driblar o isolamento diplomático.

Impactos potenciais

Analistas avaliam que a nova ameaça de Trump pode reacender tensões regionais, especialmente diante da crescente pressão migratória na fronteira sul dos EUA. Em 2023 e 2024, milhares de venezuelanos cruzaram a fronteira, impulsionados pela crise econômica e pela instabilidade política no país.

No cenário internacional, a fala de Trump reforça a imagem de imprevisibilidade na política externa americana, ao mesmo tempo em que sinaliza ao eleitorado republicano uma postura rígida contra imigração ilegal e governos adversários.

Enquanto não há resposta oficial de Caracas, a ameaça de “preço incalculável” gera incertezas sobre quais medidas poderiam ser aplicadas em eventual retorno de Trump à Casa Branca.

Fonte: Revista Oeste