Estatal enfrenta rombo de R$ 256 milhões, atrasos com fornecedores e investigações por manobras fiscais irregulares

A Telebras, estatal responsável por promover a inclusão digital no Brasil, enfrenta uma das maiores crises administrativas e financeiras dos últimos anos. Em meio à ampliação de cargos ocupados por indicados políticos, a empresa acumula um prejuízo estimado em R$ 256 milhões e está na mira de órgãos de controle por supostas irregularidades na gestão orçamentária.

Relatórios recentes apontam que a companhia utilizou a chamada “pedalada fiscal” para empurrar cerca de R$ 77 milhões em despesas de 2023 para o exercício de 2024, prática considerada irregular pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A manobra levou o Ministério Público junto ao TCU a solicitar uma investigação por possível improbidade administrativa e crime de responsabilidade.

Além disso, a estatal viu sua dívida com fornecedores disparar, alcançando R$ 200,7 milhões — o maior patamar desde 2020. Fornecedores relataram atrasos nos pagamentos e dificuldade para manter os contratos ativos, o que compromete a operação da empresa em setores estratégicos.

A situação financeira crítica se soma ao aumento de cargos de confiança na estrutura da Telebrás, muitos deles ocupados por aliados políticos ligados ao senador Davi Alcolumbre (União-AP) e ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho. A prática tem sido criticada por parlamentares e analistas como parte de um processo de aparelhamento político da estatal.

Diante da repercussão negativa, a direção da empresa anunciou a criação de um grupo de trabalho para reavaliar os gastos e implementar um plano de sustentabilidade. A expectativa é reverter parte do déficit previsto para 2025, que pode ultrapassar R$ 180 milhões.

A situação segue sob apuração do TCU e pressiona o governo federal a rever o modelo de gestão das estatais, especialmente diante do risco de colapso de serviços essenciais à conectividade em regiões remotas do país.