Sobreviver no Rio | Os códigos silenciosos que garantem a vida em meio à violência
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Moradores desenvolvem protocolos implícitos de proteção para evitar confrontos em áreas dominadas pelo crime organizado
No Rio de Janeiro, a violência cotidiana impõe aos moradores uma rotina marcada por protocolos não escritos de sobrevivência. São gestos, sinais e atitudes discretas que funcionam como códigos de proteção em territórios controlados pelo tráfico e por milícias.
Um desses casos ocorreu quando um motorista, levado por engano pelo GPS até a entrada de uma comunidade, conseguiu escapar ileso ao reduzir a velocidade, acionar o pisca-alerta e baixar o vidro, sinalizando que não representava ameaça. A manobra, simples, é amplamente conhecida entre moradores como uma forma de demonstrar submissão e evitar ser confundido com agentes de segurança.
Histórias semelhantes se repetem em diferentes bairros da capital e da Baixada Fluminense. Em Nilópolis, por exemplo, uma jovem percebeu que estava sendo observada por um grupo suspeito e, instintivamente, pediu abrigo temporário a um casal que conversava na rua. O gesto imediato de acolhimento evitou que ela seguisse sozinha em um trecho considerado arriscado.
Essas práticas revelam como a população aprendeu a se adaptar a uma realidade onde a insegurança molda comportamentos. Dados recentes mostram que o número de roubos de celulares aumentou mais de 30% nos primeiros meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a escalada da criminalidade.
Para especialistas em segurança, esses protocolos implícitos refletem tanto a fragilidade do Estado quanto a capacidade de resiliência da população, que cria estratégias de autoproteção em meio ao medo.
Fonte: Revista Oeste.