O SUS que salva vidas todos os dias | E ainda precisa ser defendido

Published On: 18/10/2025 16:44

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Mais do que um sistema de saúde, o SUS é uma política de justiça social que resiste em meio a desafios e salva milhões de brasileiros silenciosamente

Por Janna Machado

Poucos reconhecem, mas o SUS — Sistema Único de Saúde — é um dos maiores patrimônios sociais do Brasil. Ele não é apenas um conjunto de hospitais públicos ou um mecanismo burocrático de atendimento: é um projeto de país, nascido da Constituição de 1988, que garante que qualquer pessoa, independentemente de renda, cor ou origem, tenha direito à saúde.

E, mesmo assim, o SUS ainda precisa ser defendido — todos os dias.

Um sistema invisível, mas essencial

O que a maioria das pessoas esquece é que o SUS está presente muito além dos postos e hospitais. Ele está na vacina aplicada em uma criança, no transplante que devolve esperança, no samu que chega em minutos, no exame de sangue realizado no posto mais simples, e até na água tratada que chega às torneiras de milhões de lares brasileiros.

É um sistema que salva vidas diariamente, mas que muitas vezes é lembrado apenas nas crises — quando faltam insumos, quando há filas, quando a estrutura mostra suas falhas. E, sim, elas existem. O SUS sofre com o subfinanciamento crônico, com a sobrecarga de profissionais e com a falta de valorização de quem o faz funcionar.

Mesmo assim, é graças a ele que milhões de brasileiros que não poderiam pagar por um plano de saúde conseguem acesso a atendimento digno, medicamentos e programas de prevenção.

A pandemia mostrou o valor que muitos ignoravam

Durante a pandemia de covid-19, o SUS foi o escudo invisível que sustentou o país. Enquanto o mundo inteiro enfrentava colapsos hospitalares, foi o sistema público que coordenou campanhas de vacinação em massa, distribuiu medicamentos, estruturou UTIs e capacitou profissionais.

O que salvou o Brasil não foi o mercado — foi o serviço público, organizado e universal. E é preciso lembrar disso quando discursos fáceis tentam reduzir o SUS a um problema administrativo.

Defender o SUS é defender a vida

Defender o SUS é reconhecer o valor do médico que atende na ponta, da enfermeira que trabalha dobrado, do agente comunitário que bate à porta das famílias, da equipe que leva saúde onde o Estado muitas vezes não chega.

É também defender o direito à equidade, porque o SUS é mais do que um sistema de saúde — é uma política de justiça social. Ele trata desiguais de forma desigual, garantindo mais a quem mais precisa, e é essa lógica que sustenta qualquer sociedade verdadeiramente democrática.

Mais investimento, menos descaso

Mas a defesa do SUS não pode se limitar à gratidão. Ela precisa se transformar em compromisso político e social. É urgente investir mais recursos, ampliar a infraestrutura, modernizar a gestão e valorizar os profissionais.
Sem isso, o sistema corre o risco de perder sua força silenciosa, justamente quando o país mais precisa dele.

O cuidado como ato coletivo

Em um mundo cada vez mais individualista, o SUS é o símbolo de que o cuidado pode — e deve — ser coletivo. Ele é a prova de que a solidariedade pode ser institucionalizada, transformada em política pública e acessível a todos.

O SUS é o Brasil que dá certo, mesmo com poucos aplausos.
É o país que resiste, acolhe e cura — todos os dias.

E por isso, ele não pode ser apenas usado.
Precisa ser defendido, fortalecido e respeitado.

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