O que acontece com o dinheiro dos clientes do Banco Master

Published On: 21/11/2025 19:16

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Liquidação do Banco Master: o que acontece com o dinheiro dos clientes?

A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central após a identificação de um esquema bilionário de fraudes, levantou a principal dúvida entre clientes e investidores: o dinheiro está garantido?
A resposta depende do tipo de aplicação que cada pessoa mantinha no banco. Enquanto uma parte está totalmente protegida, outra pode enfrentar um processo mais lento — e sem garantia de recuperação integral.


Garantia do FGC cobre até R$ 250 mil por CPF

Para quem tinha dinheiro em produtos tradicionais, como:

  • conta corrente,
  • poupança,
  • CDBs
  • RDB, LCI, LCA e letras de crédito cobertas,

existe uma proteção de até R$ 250 mil por CPF pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

Nesses casos, o cliente receberá o valor devido diretamente pelo FGC, que organiza um calendário de pagamentos após o Banco Central liberar as listas de habilitação.

Essa é a parcela mais segura e com maior chance de devolução rápida.


Valores acima de R$ 250 mil entram na “massa de liquidação”

Quem tinha valores superiores ao limite do FGC passa a depender do processo conduzido pelo liquidante nomeado pelo Banco Central.
Esse dinheiro não é devolvido de imediato.

Ele entra na chamada massa de liquidação, onde o liquidante tenta recuperar patrimônio para pagar os credores. Isso inclui:

  • venda de imóveis e bens do banco,
  • cobrança de dívidas,
  • liquidação de títulos,
  • recuperação de ativos.

É um procedimento longo, que pode durar anos, e cuja recuperação depende do tamanho do rombo e do que ainda existe de valor dentro da instituição.
Não há garantia de ressarcimento total.


Fundos e investimentos que não têm cobertura do FGC

Alguns produtos não são cobertos pelo FGC:

  • fundos de investimento,
  • ações,
  • COEs,
  • debêntures,
  • produtos estruturados,
  • criptoativos.

Se esses ativos estavam apenas custodiados no Banco Master, eles não pertencem ao patrimônio do banco e continuam existindo — portanto, o cliente não perde o valor.

Mas se eram produtos emitidos pelo próprio Master, o risco aumenta: nesses casos, entram também na massa de liquidação.


Contas congeladas e serviços interrompidos

Com a liquidação decretada:

  • contas são travadas,
  • transferências ficam suspensas,
  • cartões deixam de funcionar,
  • boletos não são liquidados,
  • novos contratos são proibidos.

O controle passa integralmente para o liquidante do BC, que assume o caixa da instituição e define prioridades.


Fintechs afetadas: depende do tipo de conta

O Banco Master operava como banco liquidante de algumas fintechs.
Nesses casos, o destino do dinheiro varia:

  • Conta segregada (em nome da fintech, separados) → o dinheiro não entra na liquidação e pode ser migrado.
  • Conta aberta em nome do cliente dentro do Master → entra no processo de liquidação.

As fintechs já começaram a divulgar orientações de acordo com o vínculo que tinham com o banco.


Impacto sistêmico e alerta ao mercado financeiro

O caso Master, com estimativa de fraude que ultrapassa R$ 10 bilhões, é uma das maiores quebras bancárias recentes do país.
Ele reacende o debate sobre:

  • fiscalização de títulos privados,
  • transparência nas operações bancárias,
  • riscos de fintechs dependentes de bancos parceiros,
  • atuação do Banco Central na prevenção de fraudes.

Para o cliente, o cenário é claro:
se o valor está dentro do limite do FGC, há segurança; se está fora, o ressarcimento depende da capacidade real do banco em recuperar o que restou.

Fonte: Revista Oeste

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