O novo mapa político do DF | Quem cresce e quem se apaga antes de 2026
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Alianças religiosas, cargos estratégicos e bastidores do poder redesenham o jogo político rumo às próximas eleições
Por Janna Machado
O cenário político do Distrito Federal começou a se mover mais cedo do que o calendário oficial permite. Estamos há alguns meses das eleições de 2026, as alianças, rupturas e reposicionamentos já se desenham com força e, como de costume, nos bastidores do Buriti.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) e a vice-governadora Celina Leão (PP) aparecem como o eixo central desse novo tabuleiro. Ele, ancorado em sua imagem de gestor técnico e conciliador. Ela, como liderança em ascensão, cada vez mais próxima de segmentos religiosos e com forte presença nas pautas sociais. O movimento recente de apoio da comunidade evangélica ao governo é o símbolo mais claro de que o grupo pretende consolidar uma base eleitoral ampla e organizada.
O poder muda de mãos e de tom
Nos corredores políticos, há quem diga que Celina ganhou um protagonismo que extrapola a vice-governadoria. Sua aproximação com o eleitorado cristão e sua atuação em áreas como educação e segurança têm fortalecido seu nome como sucessora natural de Ibaneis.
Enquanto isso, o governador adota uma postura mais institucional, cuidando da imagem de gestor equilibrado, mantendo pontes com o setor empresarial e evitando embates diretos. O equilíbrio entre pragmatismo e política de bastidores tem sido sua principal arma.
Mas nem todos surfam nessa onda. Parte da velha guarda política do DF, que ainda tenta se reposicionar após derrotas consecutivas, enfrenta dificuldades para se manter relevante. Figuras que dominaram as décadas passadas hoje se veem à margem do debate público , superadas por novas estratégias de comunicação e por um eleitorado menos fiel a nomes e mais atento a resultados.
Religião, mídia e redes sociais
A influência do segmento evangélico ganhou peso real nas discussões políticas do DF. O apoio de pastores e lideranças religiosas deixou de ser simbólico: tornou-se estruturado, com articulações coordenadas, presença em eventos oficiais e impacto direto nas decisões eleitorais.
O campo da comunicação também mudou. As redes sociais agora pautam o debate local. Deputados e secretários descobriram que likes valem mais que palanque, e que a imagem de “gestor próximo do povo” é moeda forte.
Quem aposta em 2026
Nos bastidores, Celina Leão é vista como o nome natural para disputar o Palácio do Buriti com o apoio de Ibaneis. O governador, por sua vez, costura alianças para manter o grupo unido e evitar o avanço de adversários com discurso populista.
Enquanto isso, a oposição ainda busca um rosto. Nomes tradicionais não empolgam, e novas lideranças surgem timidamente nas regiões administrativas, tentando transformar o discurso de renovação em capital político real.
Um DF em transição
O que se desenha é um novo mapa político, mais pulverizado e pragmático, onde religião, marketing e eficiência administrativa se misturam. O eleitor do Distrito Federal, cada vez mais exigente e conectado, parece disposto a premiar quem entrega e a punir quem só promete.
Em 2026, o voto deve refletir menos ideologia e mais desempenho. E nesse jogo de antecipações, Ibaneis e Celina seguem no centro — um com a caneta, a outra com o carisma.

