Israel aceita proposta dos EUA para cessar-fogo em Gaza | Hamas avalia com ressalvas

Published On: 29/05/2025 19:33

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Plano prevê trégua de 60 dias com libertação de reféns e prisioneiros; grupo palestino ainda analisa termos e exige garantias humanitárias

Israel aceitou, nesta quinta-feira (29), uma proposta de cessar-fogo apresentada pelo governo dos Estados Unidos para interromper temporariamente os combates na Faixa de Gaza. O plano, mediado pelo presidente Joe Biden e enviado pelo conselheiro especial da Casa Branca, Brett McGurk, propõe uma pausa inicial de 60 dias no conflito, com o objetivo de permitir negociações para um acordo mais amplo e duradouro.

Durante esse período, o grupo Hamas se comprometeria a libertar dez reféns vivos — a maioria capturada durante o ataque do dia 7 de outubro de 2023 — e entregar os corpos de ao menos 18 vítimas em troca da libertação de cerca de 1.100 prisioneiros palestinos atualmente detidos por Israel. A proposta também inclui medidas para ampliar o fluxo de ajuda humanitária em Gaza, reconstruir infraestrutura básica e permitir o retorno de civis às suas casas, principalmente no norte do território.

O Hamas, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente se aceitará a proposta, mas fontes internas indicam que o grupo está estudando o conteúdo com cautela. Entre os principais pontos de discordância está a exigência da retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza — condição que o grupo considera essencial para selar um acordo. Também há demanda por garantias de que o cessar-fogo não será temporário, mas parte de um plano para encerrar de forma definitiva as hostilidades.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, mais de 54 mil palestinos morreram, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O ataque inicial lançado pelo grupo contra o sul de Israel deixou cerca de 1.200 mortos e levou à resposta militar israelense mais intensa já registrada na região. O cerco total a Gaza e os bombardeios sistemáticos agravaram a crise humanitária, deixando mais de 2 milhões de pessoas em situação de fome e com acesso limitado a água potável, energia e serviços médicos.

A proposta americana vem sendo vista como uma das mais concretas até o momento para encerrar o conflito. Ela conta com o apoio de vários países da região, como Egito e Catar, que atuam como interlocutores com o Hamas. A ONU e organizações humanitárias também pressionam por uma solução imediata, destacando o colapso dos sistemas de saúde e abastecimento em Gaza.

Caso o Hamas aceite os termos, as negociações deverão avançar para uma segunda fase, que incluirá o desarmamento progressivo da região, garantias de reconstrução com ajuda internacional e o restabelecimento de governança civil em Gaza. A grande incógnita, no entanto, continua sendo a confiança entre as partes — algo ainda fragilizado após meses de guerra intensa e destruição mútua.

A comunidade internacional aguarda com expectativa a resposta formal do Hamas. Enquanto isso, cresce a mobilização diplomática para assegurar que o cessar-fogo se concretize e seja o primeiro passo rumo a uma paz mais estável entre israelenses e palestinos.

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