Boletim Focus aponta revisão para cima na projeção do IPCA, com expectativas de novos aumentos na taxa de juros e dificuldades para o crescimento econômico nos próximos anos

A previsão de inflação para 2024 no Brasil voltou a ser revisada para cima pelo Boletim Focus do Banco Central. Segundo o relatório mais recente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 4,62%, superando a projeção anterior de 4,59%. Esse aumento coloca a inflação acima do teto da meta estabelecida para o ano, que é de 4,5%, sendo o centro da meta fixado em 3% com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O economista Gustavo Sung, da Sun Research, aponta que o cenário fiscal ainda frágil e as incertezas na economia global, especialmente em relação aos Estados Unidos, são os principais fatores que elevam as expectativas de inflação. A revisão para cima nas projeções não se limita a 2024; analistas também ajustaram suas previsões para os anos seguintes, indicando uma preocupação persistente com o controle da inflação.

Além disso, o mercado financeiro agora projeta uma taxa de juros superior a 11% em 2024, o que pode ser mantido até 2026, devido ao aumento nas expectativas inflacionárias e à desvalorização cambial. Segundo Vítor Reis, presidente do Grupo M, a sequência de aumentos nas projeções de inflação, juntamente com a valorização do dólar, configura uma “tempestade perfeita”, que deve forçar o Banco Central a considerar novas altas na taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Com o poder de compra do brasileiro em queda e o crescimento econômico comprometido, especialistas esperam um cenário desafiador para 2025, marcado pela dificuldade de expansão do PIB e pela persistência da alta de preços.