Impasse orçamentário paralisa governo dos Estados Unidos

Published On: 22/10/2025 20:22

Compartilhar

Congresso não aprova orçamento e provoca suspensão parcial de serviços federais; 900 mil servidores são afetados

O governo dos Estados Unidos entrou em paralisação parcial na madrugada de terça-feira (21), após o Congresso norte-americano não aprovar as medidas de financiamento que manteriam o funcionamento das agências federais. O impasse, resultado de desacordos entre democratas e republicanos sobre o orçamento de 2026, interrompeu parte dos serviços públicos e afetou centenas de milhares de trabalhadores.

O bloqueio orçamentário — conhecido como “shutdown” — ocorre quando o Congresso não vota a tempo as leis que autorizam os gastos do governo federal. Com isso, diversos órgãos e programas considerados “não essenciais” são suspensos, enquanto outros, como segurança nacional, controle aéreo e serviços de emergência, continuam em operação, embora com equipes reduzidas.

De acordo com estimativas oficiais, cerca de 900 mil servidores federais foram afastados temporariamente, e milhões de outros continuam trabalhando sem receber salário até a normalização do orçamento. Agências de turismo, parques nacionais e departamentos de pesquisa científica estão entre os mais atingidos.

“O país vive um impasse que reflete o clima de polarização política no Congresso. A ausência de consenso sobre gastos e prioridades expõe as fragilidades do sistema orçamentário norte-americano”, avaliam analistas econômicos.

Entre os principais pontos de divergência estão os cortes em programas sociais, os subsídios de saúde pública e os níveis de endividamento federal. Enquanto parte dos republicanos pressiona por uma redução drástica nos gastos, os democratas defendem a manutenção dos investimentos em assistência e infraestrutura.

A Casa Branca classificou a paralisação como “prejudicial à economia e ao povo americano” e pediu ao Congresso que aprove uma medida temporária de financiamento para reabrir os órgãos federais.


Impactos imediatos

A paralisação já afeta serviços de emissão de passaportes, fiscalizações agrícolas, programas de alimentação e pesquisas científicas. O Departamento de Agricultura (USDA) alertou que, caso o impasse se prolongue, milhões de famílias podem perder o acesso ao programa de auxílio alimentar SNAP a partir de novembro.

Nos aeroportos, o Departamento de Aviação Federal (FAA) relatou atrasos em voos devido à escassez de funcionários em controle de tráfego aéreo e segurança. O setor privado também demonstra preocupação com o impacto na confiança dos investidores e no ritmo da economia norte-americana.

Segundo o centro de estudos Brookings Institution, o PIB dos EUA pode ter uma redução de até 0,15 ponto percentual no quarto trimestre, caso a paralisação se estenda por várias semanas.


Reflexos no cenário internacional

O shutdown norte-americano tem efeitos que ultrapassam as fronteiras do país. Economistas alertam que a instabilidade política em Washington pode gerar volatilidade nos mercados globais, influenciando taxas de câmbio, investimentos estrangeiros e commodities.

Para o Brasil, o impacto pode ser sentido principalmente nos setores agrícola e de exportação, já que os Estados Unidos são um dos principais compradores de produtos brasileiros. Além disso, a valorização do dólar frente ao real é um movimento esperado em períodos de incerteza econômica global.

“Uma paralisação prolongada nos EUA tende a afetar o comércio e os fluxos financeiros internacionais. O Brasil, como economia aberta, sente esses reflexos”, avalia o economista Marcelo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB).


O que vem a seguir

O presidente norte-americano e os líderes do Congresso tentam chegar a um acordo emergencial para restaurar o funcionamento das agências federais. Caso não haja consenso, o shutdown pode se tornar o mais longo da história recente do país — superando o de 2018, que durou 35 dias.

Enquanto isso, a população dos Estados Unidos enfrenta atrasos em serviços públicos, insegurança econômica e o aumento da tensão política em meio à proximidade do calendário eleitoral de 2026.


Fonte: Reuters / AP News / Agência Brasil / Brookings Institution

Faça um comentário