Homem detona explosivos no STF: Atualização
Compartilhar
Explosão na Praça dos Três Poderes gera controvérsia e politização, enquanto investigações indicam que o ato pode ter sido um caso de suicídio, não terrorismo
Na tarde de 13 de novembro, um homem identificado como Francisco Vanderley de 59 anos causou uma explosão na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. De acordo com testemunhas e autoridades, ele detonou artefatos explosivos dentro do seu carro e posteriormente acionou novos explosivos presos ao seu corpo, falecendo logo em seguida.
A cobertura imediata do caso pela grande mídia levantou diversas questões e interpretações. Emissoras e portais de notícias rapidamente associaram o homem a grupos radicais bolsonaristas, destacando sua candidatura em 2020 pelo Partido Liberal (PL). Entretanto, algumas omissões e simplificações feitas pela imprensa geraram polêmica. Durante as eleições de 2020, o PL havia se coligado com o PDT, um partido de esquerda, e na época, o ex-presidente Jair Bolsonaro sequer fazia parte da legenda, tendo ingressado somente no final de 2021.
Relatos indicam que Francisco, também chamado de “Tio França”, vinha apresentando comportamento instável nos últimos meses, segundo amigos e familiares. O deputado Jorge Goit afirmou em entrevista à CNN que o homem estava emocionalmente abalado devido a problemas familiares, especialmente após um divórcio recente. O filho de Francisco também confirmou à imprensa que seu pai havia deixado a cidade de Rio do Sul (SC) há meses e demonstrava sinais de desorientação mental.
Ao contrário da narrativa de atentado terrorista defendida por setores da mídia, autoridades locais, como o Major da Polícia Militar de Brasília, apontam para um possível caso de suicídio. Um vigilante do STF relatou que o homem, vestido como o personagem Coringa, não tentou ferir ninguém, mas sim detonou um artefato junto ao próprio corpo, afastando-se da multidão.
A cobertura jornalística foi alvo de críticas pela rapidez em associar o ato a movimentos políticos, sem considerar as evidências disponíveis. Líderes políticos e representantes da mídia chegaram a declarar que o ocorrido sepultaria o projeto de anistia para os presos políticos de 8 de janeiro. Entretanto, a própria polícia reforçou que não há indícios de um ataque coordenado, e o caso é tratado como uma ação isolada de um “lobo solitário”.
Em um cenário já polarizado, o uso político do episódio expôs as fragilidades e tensões existentes na sociedade brasileira. De um lado, há quem defenda que se trata de um atentado contra a democracia; de outro, vozes que enxergam uma tentativa de manipulação da narrativa para atingir adversários políticos. O caso de Francisco Vanderley traz à tona a necessidade de uma análise cuidadosa e responsável, evitando conclusões precipitadas e a exploração midiática de tragédias pessoais para fins políticos.