Economia verde avança e aponta novo caminho para o Brasil
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Transição sustentável atrai investimentos, impulsiona empregos e pode transformar o país em referência global em energia limpa e inovação ambiental
O Brasil está diante de uma oportunidade histórica: transformar sua imensa riqueza natural em força econômica sustentável. Em um cenário global de transição energética e mudanças climáticas, o país reúne os ingredientes ideais para liderar a nova economia verde — matriz energética limpa, biodiversidade única e capacidade de inovação em setores estratégicos como biotecnologia, reciclagem e agricultura regenerativa.
A pauta ambiental, antes vista como custo, virou motor de negócios e geração de empregos. Estimativas do Banco Mundial indicam que a economia verde pode criar até 10 milhões de novos postos de trabalho na América Latina até 2030, sendo o Brasil o maior beneficiado, especialmente nas áreas de energia renovável e manejo sustentável de recursos naturais.
“A sustentabilidade deixou de ser discurso e virou vantagem competitiva. Empresas que não se adaptarem, vão desaparecer”, afirma Mariana Soares, especialista em inovação ambiental.
Na prática, o país já vem colhendo frutos. O setor de energia solar bateu recorde de expansão em 2025, ultrapassando 2 milhões de sistemas instalados, enquanto a energia eólica responde por 15% da matriz elétrica nacional. Ao mesmo tempo, cresce o número de startups de impacto socioambiental, focadas em soluções para o reaproveitamento de resíduos, economia circular e redução de emissões.
No Cerrado e na Amazônia, projetos de biotecnologia e reflorestamento vêm atraindo investidores estrangeiros e fundos de impacto, interessados em neutralizar emissões e explorar o mercado de créditos de carbono. O governo federal e os estados discutem novas regulações para fortalecer a rastreabilidade e evitar o “greenwashing”, prática em que empresas simulam ações sustentáveis sem comprovar resultados reais.
O Centro-Oeste, especialmente o Distrito Federal e Goiás, também se consolida como polo de inovação verde. Iniciativas do Biotic e parcerias com universidades locais têm estimulado pesquisas em bioenergia, bioplásticos e agricultura de precisão, com foco em reduzir impactos ambientais e ampliar a produtividade rural.
“O Brasil pode ser protagonista da transição verde, mas precisa transformar discurso em política de Estado. É preciso integrar economia, ciência e educação para criar um modelo duradouro”, defende o economista Eduardo Campos, da Universidade de Brasília (UnB).
A corrida global pela sustentabilidade redefine a lógica do desenvolvimento. Deixar de explorar esse potencial seria desperdiçar o que o país tem de mais valioso: a combinação entre natureza e inteligência humana. Se souber aproveitar o momento, o Brasil pode finalmente unir crescimento econômico, responsabilidade ambiental e inclusão social — e provar que o futuro verde não é utopia, é estratégia.
Fonte: Banco Mundial, Aneel e UnB.