Desigualdade salarial | Políticos e juízes recebem até 22 vezes mais que o cidadão comum no Brasil

Published On: 13/08/2025 12:00

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Estudo revela que Brasil está entre os países com maior disparidade entre servidores do alto escalão e a população em geral

Um levantamento recente colocou o Brasil entre os países com maior disparidade salarial entre os altos cargos do serviço público — como políticos e magistrados — e a média de renda da população. De acordo com o Índice de Disparidade Salarial 2025, elaborado pelo movimento Livres, a remuneração de juízes e parlamentares pode ultrapassar em até 22 vezes a média recebida por um trabalhador comum.

A título de comparação, enquanto a renda média domiciliar per capita no Brasil gira em torno de R$ 2 mil, membros do alto escalão do Judiciário chegam a receber mais de R$ 48 mil por mês — sem contar benefícios extras. No Executivo e no Legislativo, os salários fixos de autoridades como o presidente da República, ministros e deputados federais também superam a marca dos R$ 44 mil mensais, o teto constitucional atual.


Brasil entre os líderes em desigualdade no setor público

Entre os 106 países analisados, o Brasil ocupa a terceira posição com maior desigualdade salarial entre representantes públicos e cidadãos. Fica atrás apenas da África do Sul e do México. A média global, segundo o estudo, é de aproximadamente 10 vezes de diferença — menos da metade da registrada por aqui.

Para especialistas, essa disparidade gera distorções no serviço público e reduz a conexão entre os gestores e a realidade da maioria da população. “Quando um agente público recebe dezenas de vezes mais do que quem depende do SUS ou da escola pública, há um risco de perda de sensibilidade e legitimidade nas decisões políticas”, afirma a economista Ana Luiza Mendes, consultora em políticas públicas.


Judiciário concentra maiores salários

Embora os salários de parlamentares chamem atenção, o Judiciário brasileiro lidera a lista de supersalários. De acordo com dados recentes, juízes federais substitutos recebem em média R$ 35,8 mil, enquanto desembargadores ultrapassam os R$ 39 mil. Entretanto, devido a indenizações e verbas extras, muitos magistrados recebem acima do teto legal, com vencimentos que, em casos extremos, ultrapassaram R$ 400 mil em um único mês.


Impactos sociais e propostas de revisão

A desigualdade salarial dentro do setor público não é apenas um problema ético ou político. Ela também impacta a eficiência do gasto público, a percepção da população sobre justiça social e a credibilidade das instituições. O debate sobre a regulamentação dos chamados supersalários já chegou ao Congresso Nacional diversas vezes, mas encontra resistência por parte de corporações organizadas.

Entre as propostas discutidas estão:

  • Revisão dos benefícios extras que extrapolam o teto constitucional;

  • Maior transparência nos gastos com pessoal;

  • Políticas de equilíbrio entre remuneração e desempenho.


Desconexão com a realidade da população

Para muitos analistas, essa distância entre os ganhos de servidores de elite e os da população reforça a desigualdade estrutural do país. Em um cenário onde milhões de brasileiros vivem com menos de dois salários mínimos, a existência de salários públicos milionários enfraquece a confiança nas instituições e amplia a sensação de injustiça.

“Não se trata apenas de reduzir salários, mas de tornar o serviço público mais próximo da realidade das pessoas que ele deve servir”, resume a socióloga Carolina Torres, autora de estudos sobre desigualdade no setor público.

Fonte/Imagem: Revista Oeste – Valor Econômico

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