Manobras incluem bloqueio aéreo e naval e elevam tensão no Estreito em resposta ao apoio internacional à ilha

A China iniciou uma nova rodada de exercícios militares de grande escala ao redor de Taiwan, em uma ação descrita por analistas como uma das demonstrações de força mais amplas dos últimos anos. As manobras incluem fogo real, simulações de bloqueio aéreo e naval, movimentação de tropas e ações coordenadas entre forças terrestres, marítimas e aéreas.

As operações foram anunciadas por Pequim como uma mensagem direta contra o que o governo chinês considera avanços separatistas em Taiwan e interferência estrangeira, especialmente após a recente aprovação de pacotes de cooperação militar por parte dos Estados Unidos. Para o governo chinês, a ilha continua sendo parte inquestionável de seu território, apesar de Taiwan operar com governo próprio e sistema democrático independente.

Círculo militar ao redor da ilha

Imagens divulgadas por meios estatais chineses mostram aviões de combate atravessando zonas próximas ao espaço aéreo de Taiwan e navios de guerra posicionados em pontos estratégicos ao sul e ao norte da ilha. O conjunto da movimentação cria, na prática, um anel militar em torno de Taiwan, simulando cenários próximos ao de um bloqueio real.

Autoridades taiwanesas condenaram a ação e afirmaram que as Forças Armadas permanecem em alerta máximo, monitorando os exercícios. O governo de Taipé classificou a operação como uma tentativa de intimidação, destinada a abalar a estabilidade da região.

Impactos imediatos

Os exercícios provocaram desvios de rotas marítimas e cancelamentos de voos, já que áreas antes abertas à navegação foram temporariamente transformadas em zonas militares. Agências de aviação e companhias marítimas foram orientadas a monitorar atualizações para evitar riscos.

Diplomatas estrangeiros expressaram preocupação com a escalada e alertaram para o risco de um erro estratégico se transformar em conflito armado. O Estreito de Taiwan é considerado um dos pontos mais sensíveis da geopolítica mundial, por onde circula parte expressiva do comércio marítimo global e componentes tecnológicos essenciais, como semicondutores.

Sinal ao mundo

Para especialistas em defesa internacional, a operação tem caráter duplo. Internamente, reforça o discurso de soberania da China junto ao seu público doméstico. Externamente, atua como aviso estratégico, principalmente para Washington e países aliados que vêm aprofundando relações com Taiwan.

Apesar da retórica firme, não há sinais imediatos de que Pequim planeje uma ofensiva real. Ainda assim, a frequência e o volume dos exercícios aumentaram desde 2022, intensificando o clima de incerteza regional.

Cenário de tensão contínua

A movimentação chinesa acontece em um momento em que a região já vive um ambiente de alerta constante. Taiwan, por sua vez, continua buscando apoio internacional para reforçar suas defesas, enquanto tenta evitar que o aumento de parceria com países ocidentais seja interpretado como provocação.

Sem sinais de recuo de nenhum dos lados, a expectativa é de que o Estreito de Taiwan siga como um dos principais pontos de tensão geopolítica em 2026, com impactos não apenas militares, mas também econômicos e diplomáticos.

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Fonte/Foto: Agência Brasília