Arruda força entrada em evento da ADEB e mostra despreparo político
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Ex-governador tenta usar espaço religioso para se promover e termina exposto ao constrangimento público
Por Janna Machado
O ex-governador José Roberto Arruda voltou a protagonizar mais um episódio que escancara seu distanciamento da realidade política e social do Distrito Federal. No sábado, durante a Convenção Geral da Assembleia de Deus de Brasília (ADEB), em Taguatinga, Arruda tentou entrar em um evento fechado para líderes religiosos e acabou sendo barrado , um gesto que não apenas revelou falta de bom senso, mas também a insistência em transformar qualquer espaço em palanque eleitoral.
O fato, confirmado por vídeos e testemunhos publicados pelo portal Metrópoles, mostra um político que parece não entender limites. Ao ser impedido de entrar, Arruda teria reagido com uma ameaça direta à igreja, dizendo que “daria o troco” caso voltasse ao poder. A fala soa como uma tentativa de intimidação e reforça um traço preocupante em sua trajetória: o autoritarismo travestido de carisma.
É simbólico que tudo isso tenha ocorrido dentro de um ambiente religioso , um espaço que deveria representar fé, respeito e comunhão. Invadir um templo ou convenção evangélica para fazer política não é estratégia, é oportunismo. Ainda mais quando se trata de alguém que nunca teve vínculo com o segmento evangélico e tenta agora se aproximar para fins puramente eleitorais.
O gesto revela o desespero de quem tenta reconstruir uma imagem já desgastada por escândalos passados. O cidadão brasiliense, que não esqueceu os episódios de corrupção que marcaram o governo de Arruda, enxerga claramente o jogo. A tentativa de se misturar ao público religioso soa como manobra ensaiada para explorar a fé alheia , algo moralmente reprovável e politicamente desastroso.
Mais do que um tropeço de campanha, o caso é um retrato de um velho estilo de fazer política: o de quem confunde poder com permissão, autoridade com arrogância. A ADEB fez o que qualquer instituição séria faria , manteve suas regras e preservou a integridade do evento. E o resultado foi imediato: Arruda saiu menor do que entrou, cercado por olhares de reprovação e críticas generalizadas nas redes.
O episódio também serve de alerta. As igrejas não podem se transformar em palanques e os púlpitos não devem ser usados como trampolim eleitoral. Misturar fé e poder, além de perigoso, desrespeita a própria essência da religiosidade, que é servir, e não se servir dela.
Arruda mostrou, mais uma vez, que ainda não compreendeu o verdadeiro sentido de liderança , aquele que inspira pelo exemplo e não pelo constrangimento. Brasília merece políticos que saibam dialogar com o povo, não que forcem portas fechadas para tentar aparecer.

