A rejeição que fala mais alto | O recado das pesquisas para Arruda

Published On: 23/12/2025 19:51

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A rejeição acima de 50% expõe limites eleitorais do ex-governador no DF

Pesquisas não votam. Mas avisam.
E quando o aviso se repete, ignorar vira erro estratégico.

O mais recente levantamento de intenção de voto no Distrito Federal traz um dado difícil de contornar: José Roberto Arruda aparece com rejeição acima de 50%. Não é um detalhe técnico nem uma oscilação pontual. É um sinal consistente de que o eleitorado do DF ainda associa o nome do ex-governador a um passado que não deseja revisitar.

Em política, rejeição alta é mais perigosa do que baixa intenção de voto. Intenção pode crescer. Rejeição costuma cristalizar. Quando mais da metade do eleitorado afirma que não votaria em um candidato de jeito nenhum, o espaço para discurso, reconstrução de imagem e alianças se estreita drasticamente.

O caso de Arruda é emblemático porque revela algo além do personagem. Mostra que o DF mudou. O eleitor está mais atento, mais informado e menos disposto a apostar em figuras que carregam desgaste acumulado. Não se trata apenas de memória política, mas de confiança. E confiança, quando rompida, raramente se recompõe no ritmo que campanhas exigem.

Enquanto isso, o contraste com outros nomes do cenário é evidente. A liderança consistente de Celina Leão e a força política ainda presente do Ibaneis Rocha mostram que o eleitor tende a valorizar estabilidade administrativa e continuidade de projetos percebidos como funcionais. A rejeição baixa desses nomes não é acaso. É reflexo de posicionamento político, articulação e leitura do tempo presente.

Arruda, por outro lado, parece disputar uma eleição que já não existe mais. Seu discurso conversa com um passado que parte expressiva do eleitorado prefere deixar para trás. E as pesquisas deixam isso claro ao mostrar que, mesmo em cenários estimulados, a rejeição impede qualquer avanço competitivo real.

O problema não está apenas em Arruda. Ele simboliza uma dificuldade recorrente da política brasileira: insistir em reciclar nomes quando o eleitor pede renovação, ou ao menos atualização. A rejeição elevada não é só um obstáculo pessoal. É um recado coletivo de que o DF cobra outro tipo de liderança, outro tipo de postura e outro tipo de compromisso.

Ignorar esse dado é correr o risco de confundir barulho político com viabilidade eleitoral. Pesquisa não define eleição, mas define terreno. E o terreno para Arruda, hoje, é claramente desfavorável.

No jogo eleitoral, quem entra com rejeição alta começa perdendo. E recuperar essa desvantagem exige algo que nenhuma campanha consegue fabricar rapidamente: confiança genuína.

As urnas ainda estão distantes. Mas o aviso já foi dado.

Foto: Agência Brasil

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