O que acontece com o dinheiro dos clientes do Banco Master
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Liquidação do Banco Master: o que acontece com o dinheiro dos clientes?
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central após a identificação de um esquema bilionário de fraudes, levantou a principal dúvida entre clientes e investidores: o dinheiro está garantido?
A resposta depende do tipo de aplicação que cada pessoa mantinha no banco. Enquanto uma parte está totalmente protegida, outra pode enfrentar um processo mais lento — e sem garantia de recuperação integral.
Garantia do FGC cobre até R$ 250 mil por CPF
Para quem tinha dinheiro em produtos tradicionais, como:
- conta corrente,
- poupança,
- CDBs
- RDB, LCI, LCA e letras de crédito cobertas,
existe uma proteção de até R$ 250 mil por CPF pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Nesses casos, o cliente receberá o valor devido diretamente pelo FGC, que organiza um calendário de pagamentos após o Banco Central liberar as listas de habilitação.
Essa é a parcela mais segura e com maior chance de devolução rápida.
Valores acima de R$ 250 mil entram na “massa de liquidação”
Quem tinha valores superiores ao limite do FGC passa a depender do processo conduzido pelo liquidante nomeado pelo Banco Central.
Esse dinheiro não é devolvido de imediato.
Ele entra na chamada massa de liquidação, onde o liquidante tenta recuperar patrimônio para pagar os credores. Isso inclui:
- venda de imóveis e bens do banco,
- cobrança de dívidas,
- liquidação de títulos,
- recuperação de ativos.
É um procedimento longo, que pode durar anos, e cuja recuperação depende do tamanho do rombo e do que ainda existe de valor dentro da instituição.
Não há garantia de ressarcimento total.
Fundos e investimentos que não têm cobertura do FGC
Alguns produtos não são cobertos pelo FGC:
- fundos de investimento,
- ações,
- COEs,
- debêntures,
- produtos estruturados,
- criptoativos.
Se esses ativos estavam apenas custodiados no Banco Master, eles não pertencem ao patrimônio do banco e continuam existindo — portanto, o cliente não perde o valor.
Mas se eram produtos emitidos pelo próprio Master, o risco aumenta: nesses casos, entram também na massa de liquidação.
Contas congeladas e serviços interrompidos
Com a liquidação decretada:
- contas são travadas,
- transferências ficam suspensas,
- cartões deixam de funcionar,
- boletos não são liquidados,
- novos contratos são proibidos.
O controle passa integralmente para o liquidante do BC, que assume o caixa da instituição e define prioridades.
Fintechs afetadas: depende do tipo de conta
O Banco Master operava como banco liquidante de algumas fintechs.
Nesses casos, o destino do dinheiro varia:
- Conta segregada (em nome da fintech, separados) → o dinheiro não entra na liquidação e pode ser migrado.
- Conta aberta em nome do cliente dentro do Master → entra no processo de liquidação.
As fintechs já começaram a divulgar orientações de acordo com o vínculo que tinham com o banco.
Impacto sistêmico e alerta ao mercado financeiro
O caso Master, com estimativa de fraude que ultrapassa R$ 10 bilhões, é uma das maiores quebras bancárias recentes do país.
Ele reacende o debate sobre:
- fiscalização de títulos privados,
- transparência nas operações bancárias,
- riscos de fintechs dependentes de bancos parceiros,
- atuação do Banco Central na prevenção de fraudes.
Para o cliente, o cenário é claro:
se o valor está dentro do limite do FGC, há segurança; se está fora, o ressarcimento depende da capacidade real do banco em recuperar o que restou.
Fonte: Revista Oeste

