Sob censura de Xi Jinping, maior livraria cristã da China encerra as atividades
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Encerramento da Beijing Morning Light Bookstore simboliza o avanço da repressão religiosa e o controle total do governo sobre publicações cristãs no país
A Beijing Morning Light Bookstore, reconhecida como a maior livraria cristã privada da China, anunciou o fim de suas atividades em outubro de 2025, após anos enfrentando pressão e censura do regime do presidente Xi Jinping. A loja, que funcionava na capital chinesa há mais de uma década, era um dos poucos espaços dedicados à literatura cristã no país e um ponto de encontro para fiéis e estudiosos da fé.
O fechamento foi confirmado pela organização ChinaAid, que monitora violações de liberdade religiosa na China. Segundo a entidade, a livraria vinha sofrendo restrições severas, como bloqueio na importação e venda de livros, retirada de licenças e monitoramento constante das autoridades. A perseguição reflete uma política cada vez mais rigorosa de controle ideológico sobre o cristianismo e outras religiões, vistas pelo Partido Comunista como potenciais ameaças à ordem estatal.
Fundada com o propósito de difundir conhecimento teológico e apoiar a comunidade cristã local, a Morning Light resistiu por anos às restrições, adaptando-se ao ambiente digital. No entanto, o endurecimento das regras, que exigem autorização do governo para qualquer publicação religiosa, acabou tornando impossível a continuidade do negócio.
A decisão de encerrar as atividades é mais um episódio do processo de “sinicização da religião”, estratégia oficial do governo chinês que busca submeter igrejas, escolas e instituições de fé à doutrina do Partido Comunista. Desde 2018, milhares de templos foram fechados, líderes religiosos foram presos e conteúdos cristãos foram removidos de plataformas online.
Relatórios da Christianity Today e do Council on Foreign Relations destacam que o fechamento da livraria simboliza uma fase crítica para o cristianismo na China. Com a repressão a espaços físicos, cresce a busca por formas alternativas de culto e estudo bíblico, como grupos domésticos, redes virtuais e comunidades no exterior.
O caso da Morning Light revela mais do que o encerramento de um comércio: é o retrato de um país em que a fé precisa sobreviver em silêncio. Apesar da pressão, milhões de cristãos chineses continuam se reunindo em pequenos grupos, mantendo viva sua espiritualidade e esperança — mesmo sob a vigilância de um regime que insiste em controlar até as páginas da fé.
Créditos/Foto: Revista Oeste

