Rio de Janeiro vive dia de horror com mais de 60 mortos em megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão
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Ação com mais de 2,5 mil agentes deixa rastro de destruição e reacende o debate sobre o uso da força e o fracasso das políticas de segurança no país
O Rio de Janeiro voltou a ser palco de uma das maiores tragédias urbanas de sua história. Uma megaoperação policial realizada nesta segunda-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte, terminou com mais de 60 mortos, entre eles policiais e moradores. O confronto, que mobilizou mais de 2,5 mil agentes, transformou as comunidades em verdadeiros campos de guerra.
Segundo informações divulgadas pela imprensa brasileira, a ação teve como alvo o Comando Vermelho, facção que domina grande parte do tráfico de drogas da região. As forças de segurança cercaram os acessos das favelas desde a madrugada, usando helicópteros, blindados e drones. O tiroteio se estendeu por horas, impedindo o funcionamento de escolas, transporte público e comércios.
Moradores relataram pânico, barricadas e veículos incendiados. Muitos não conseguiram sair de casa durante todo o dia. “Foi uma madrugada de terror. Parecia uma guerra. Não sabíamos se os tiros vinham da polícia ou dos criminosos”, contou uma moradora ao portal CartaCapital.
De acordo com o governo estadual, a operação tinha o objetivo de desarticular o núcleo armado da facção e apreender armamentos de grosso calibre. Até o final da tarde, 81 pessoas foram presas, 93 fuzis apreendidos e meia tonelada de drogas confiscada. O governador Cláudio Castro classificou a ação como um ato de “enfrentamento ao narcoterrorismo”.
Por outro lado, organizações de direitos humanos e movimentos sociais criticaram duramente o saldo da operação. A Defensoria Pública do Estado solicitou uma investigação independente para apurar as circunstâncias das mortes e eventuais abusos de poder. “A violência não pode ser o único instrumento de política pública”, afirmou uma nota do grupo Justiça Global.
A chacina reacende o debate sobre o modelo de segurança no Brasil — pautado há décadas pelo confronto armado e pelo abandono social nas periferias. Enquanto o Estado continua a responder com fuzis, as comunidades seguem sem políticas de educação, emprego e cidadania.
No fim, o Rio de Janeiro volta a encarar a mesma realidade: uma guerra sem vencedores, em que o sangue de inocentes e policiais escorre lado a lado nas vielas da cidade.
Créditos:
Informações de CartaCapital, Agência Brasil e G1.

