Economia brasileira busca equilíbrio após meses de instabilidade
Compartilhar
Governo tenta conter déficit fiscal enquanto mercado reage a pressões globais e à desaceleração do consumo interno
A economia brasileira atravessa um período de ajuste e incertezas, marcado por desafios fiscais, oscilação nos mercados e o impacto da desaceleração global. Apesar de indicadores que apontam estabilidade em alguns setores, o país ainda busca um ponto de equilíbrio entre responsabilidade fiscal e crescimento econômico sustentável.
Nos últimos meses, o governo federal tem tentado recompor o orçamento após o aumento dos gastos públicos e a queda na arrecadação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou novas medidas para garantir equilíbrio nas contas e preservar a meta de déficit zero. Entre as ações, estão limitação de gastos, revisão de benefícios fiscais e taxação de apostas online e serviços digitais.
Economistas, no entanto, alertam que o desafio é manter o equilíbrio sem frear a atividade produtiva. A confiança do setor privado ainda é frágil, especialmente diante das incertezas políticas e do aumento das taxas de juros internacionais, que reduzem o fluxo de investimentos no país.
“O Brasil está em uma encruzilhada: precisa controlar as contas públicas sem travar o crescimento. O equilíbrio fiscal é essencial, mas precisa vir acompanhado de reformas estruturais”, avalia a economista Ana Paula Reis, especialista em finanças públicas.
Enquanto isso, o mercado de trabalho apresenta sinais mistos. O desemprego segue em queda gradual, mas o crescimento das vagas formais desacelerou. A inflação, embora controlada, ainda pressiona o consumo das famílias, especialmente nos setores de alimentação e transporte.
A previsão do Banco Central é de crescimento do PIB em torno de 2% para 2025, puxado pelo agronegócio, energia e exportações. Já o consumo interno deve crescer em ritmo mais lento, refletindo o endividamento das famílias e o custo do crédito.
“O agronegócio continua sendo o motor da economia, mas é preciso diversificar a base produtiva. O país precisa investir em tecnologia, educação e infraestrutura para competir globalmente”, destaca o economista Rafael Monteiro, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Analistas afirmam que o desempenho da economia nos próximos meses dependerá da capacidade do governo de negociar com o Congresso e aprovar reformas que aumentem a previsibilidade e a confiança dos investidores.
Com um cenário internacional ainda instável — marcado por guerras, tensões comerciais e alta dos juros nos Estados Unidos — o Brasil precisa mostrar maturidade política e disciplina fiscal para consolidar uma trajetória de crescimento sustentável.
Fonte: Ministério da Fazenda / Banco Central / FGV / Agência Brasil

