Denúncia de influenciador expõe exploração infantil nas redes e movimenta justiça e Congresso
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Após vídeo viral de Felca, perfis são investigados, contas suspensas e projeto de lei é debatido para proteger crianças no ambiente digital
Um vídeo publicado pelo influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, gerou ampla repercussão nacional ao expor casos de exploração infantil e “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais. O conteúdo, divulgado no início de agosto, detalha situações em que menores são expostos de forma imprópria em vídeos monetizados, gerando lucros para criadores de conteúdo e plataformas.
A denúncia viralizou rapidamente, ultrapassando 37 milhões de visualizações, e trouxe à tona um debate urgente sobre os limites da exposição infantil na internet. A reação foi imediata: perfis de influenciadores suspeitos foram suspensos, investigações judiciais foram intensificadas, e parlamentares passaram a discutir medidas legislativas específicas para combater essa prática.
Justiça reage após ataques contra o denunciante
Apesar de levantar um alerta importante, Felca tornou-se alvo de ataques coordenados nas redes sociais, incluindo acusações falsas de pedofilia. Em resposta, sua defesa entrou com uma ação judicial solicitando a quebra de sigilo de 233 perfis que propagaram as calúnias. A Justiça de São Paulo atendeu ao pedido e determinou que as plataformas fornecessem os dados dos autores das postagens ofensivas.
Como alternativa à judicialização, a defesa ofereceu um acordo aos ofensores: doação de R$ 250 a instituições de caridade e publicação de uma retratação pública. Mais de 80 pessoas já aceitaram o acordo, evitando processos por calúnia e difamação.
Felca afirmou que todo o dinheiro arrecadado com as ações será destinado a causas sociais que atuam diretamente na proteção da infância.
Propostas legislativas e investigação ampliada
A denúncia também mobilizou o Legislativo. Deputados federais passaram a discutir a criação da chamada “Lei Felca”, com o objetivo de estabelecer limites mais claros para a presença de menores nas redes sociais, inclusive com regras específicas para monetização de conteúdos infantis. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, incluiu o tema na pauta de debates prioritários do segundo semestre.
Além disso, órgãos como o Ministério Público da Paraíba e a Secretaria de Segurança Pública do Ceará intensificaram as investigações sobre influenciadores que lucram com a exposição de menores em contextos inadequados. As autoridades reforçaram a necessidade de vigilância permanente para coibir crimes como exploração, assédio e abuso digital de crianças e adolescentes.
Discussão amplia alerta sobre infância digital
Especialistas em direitos da criança e do adolescente apontam que o caso revelou um problema estrutural: a falta de regulação efetiva sobre a atuação de menores na internet. Em um ambiente cada vez mais dependente de visualizações e engajamento, muitas famílias e criadores ignoram os riscos emocionais e jurídicos de expor crianças em conteúdos que ultrapassam os limites do entretenimento.
A expectativa é de que o caso Felca funcione como um marco para o fortalecimento de políticas públicas e legislação mais firme sobre o tema, além de abrir caminho para uma atuação mais proativa das plataformas digitais na proteção da infância.
Imagem: Agência Brasil