Rapper Oruam é preso no Rio de Janeiro e alvo de investigações por ligação com o Comando Vermelho
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O artista, filho de líder do crime organizado, enfrenta acusações relacionadas ao tráfico e resistência; caso repercute e gera debate sobre música urbana e segurança pública
Na última terça-feira (22), o rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A ação faz parte de investigações que envolvem sua possível ligação com o Comando Vermelho (CV), organização criminosa que tem entre seus líderes o pai do artista, Marcinho VP.
Oruam é acusado de envolvimento em crimes como tráfico de drogas, associação ao tráfico, além de resistência à prisão, desacato e outras infrações. As investigações foram intensificadas após uma operação policial que buscava apreender um adolescente conhecido como “Menor Piu”, suspeito de atuar como segurança de um dos líderes do CV no Complexo da Penha.
Este não é o primeiro contato do rapper com a polícia. Em fevereiro de 2025, ele já havia sido detido por direção perigosa e por abrigar um foragido da Justiça, mas foi liberado mediante pagamento de fiança ou assinatura de termo.
A prisão de Oruam reacendeu o debate público sobre a influência da música urbana e a relação de alguns artistas com o crime organizado. Diversos projetos de lei, popularmente chamados de “anti-Oruam”, foram apresentados no Legislativo com o objetivo de limitar a contratação de artistas que promovam ou façam apologia ao crime.
Artistas, produtores culturais e defensores da liberdade de expressão reagiram às propostas com preocupação, argumentando que a arte deve ser um espaço de debate e reflexão, e que medidas que restringem artistas podem gerar censura e limitar vozes importantes da periferia.
No campo jurídico, especialistas ressaltam a importância de separar a atuação artística da pessoa investigada, defendendo que qualquer condenação deve ser resultado de processos legais transparentes e justos, sem prejulgamentos.
Oruam, em sua defesa, nega as acusações e afirma que sua renda provém exclusivamente do trabalho artístico. Ele também declarou desconhecer o histórico criminal de algumas pessoas associadas a ele.
Além dos desdobramentos legais, o caso reforça o cenário complexo em que vivenciam muitos jovens das periferias brasileiras, onde a música muitas vezes serve como uma forma de resistência cultural e, ao mesmo tempo, pode se misturar a realidades violentas e conflituosas.
O episódio destaca os desafios para a segurança pública, para a cultura e para a política, que precisam buscar soluções equilibradas que promovam a justiça e o respeito à diversidade cultural e social.
Imagem : Metrópoles